quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Religiões Afro: Cultura e identidade

Não faz nem um mês que eu fui convidado para participar de uma reunião de candomblecistas num terreiro chamado palácio de Oxum, fui despido de preconceitos, afinal para um quase ateu, estudante de história, assistir a uma reunião como essa é um desafio a mais, é conhecer novos horizontes, deparar que existem culturas a parte dessa vida semi-européia que tentamos viver, imitamos a Europa e não vemos as riquezas existentes em outras denominações, tanto culturais, como religiosas.

Os sons dos Ogans, a fumaça produzida pelos cigarros e charutos, além das roupas e das cantorias, recriaram na minha mente retrospectivas do passado em que o Brasil era rural e o candomblé se encorpava com o sincretismo com os credos religiosos católicos, o processo de urbanização, principalmente a partir da década 50 na zona da mata pernambucana, levou os adeptos dessas religiões afro-descendentes para a cidade e seu culto conseguisse mais adeptos, além daqueles antigos trabalhadores rurais.

Um fato peculiar dessas “realidades culturais paralelas”, que convivem com a oficialidade é que elas (re) significam as tradições “alheias” para o seu contexto isso é a parte que mais me intriga, particularmente nas religiões afro, como nasce essa ideia de intercâmbio cultural, afinal, como nascem as religiões? Grandes mistérios.

Outro fator que eu não poderia deixar de elencar era o sentimento de pertencimento à comunidade, a uma luta contra os preconceitos, que ainda persistem em existir (é parte da alma humana, infelizmente) e a luta para não deixar as festas e as tradições desaparecerem, mesmo lutando, contra as leis ( é proibido som alto a partir das 10h, e isso gera muito problemas já que muitas festas começam a partir das 10h ), e contra toda a sorte de infortúnios que essas pessoas sofrem por assumir suas crenças.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O show da Vida

Eu tenho vivido diversos momentos nessa caminhada rumo à profissão de historiador, e hoje principalmente, dia seis de dezembro, eu vi o quanto nossa análise crítica é válida para a sociedade, hoje assistimos a um filme que nosso professor de introdução 2 Antônio Paulo Rezende passou que e tão banal para os telespectadores, mas que pela perspectiva do estudante de história se faz diferente.

The Truman Show, é uma reflexão de vários aspectos de nossa vida, um filme de 1998, mostra as apreensões e conflitos éticos de uma nova realidade no mundo televisivo, os reality shows. Até onde as liberdades individuais não são totalmente retraídas em função do divertimento e envolvimento do público.

O filme é o reflexo de uma sociedade carente de heróis, que vê na simplicidade de pessoas comuns atos que revelam a nobreza do espírito humano, o homem moderno precisa de referenciais, mesmo que eles sejam forjados.

Uma análise profunda pode também ser feita entre a relação do diretor Christof e o personagem do Jim Carrey, o Truman, uma relação de controle e edicação absoluta, e isso me faz uma certa analogia com o deus cristão que manipula as situações para que nada saia do controle, porém o homem transgride. A transgrção é um grande motor da história, sem ela estariamos comendo raízes e catando nossos pares nas savanas africanas, nos transgredimos, e isso é bom.

O filme é emocionante por que de uma ideia, que é praticamente impraticável, até agora, que é de formar um mundo comandado pela cabeça de uma só pessoa, porém à partir desse fato se desenrolam elementos totalmente humanos, que nos fazem refletir sobre nossas vidas e atuações na sociedade.Nos somos agentes da história, e principalmente agentes da nossa própria vida.

Existe uma porta além das possibilidades...

sábado, 4 de dezembro de 2010

A era das minorias na política da América

Quando pensei nesse blog, a primeira ideia que me veio na cabeça era a de perpassar a minha forma de escrever sobre assuntos de história que eu gosto. Porém , eu tive ao longo desses dias um longo questionamento individual do que é história, então alguns, será que é algo que se perdeu no passado, ou somos agentes construtores da história? Foi pensando nisso que eu a partir de agora também abordarei temas recentes, que mesmo estando hoje nos noticiários, algum dia no futuro os historiadores vão ver esses fatos como acontecimentos pretéritos.

E nada melhor do que começar falando de um assunto que enche os olhos de historiadores e de todo o pessoal das ciências moles, que é política. Tem coisa mais fascinante do que esse jogo de intrigas, coligações, ideologias, militâncias. A política de modo geral é a religião cívica, que uns tanto amam e outros sentem repulsa, ódio e certo nível de decepção, a corrupção e os escândalos tiram de jogo as pessoas boas e com princípios e deixam no jogo político as velhas raposas das velhas oligarquias sem escrúpulos.

Algo vem mudando, principalmente na América latina após as ditaduras militares e os governos direitistas. A ascensão de uma nova classe política, que vêm cada vez mais buscando a hegemonia política. Hegemonia vêm do grego eghestai, que significa conduzir, liderar, comandar, ter o controle. Nesse país as grandes forças hegemônicas sempre foram os grandes proprietários, políticos, profissionais liberais e intelectuais. Agora outros grupos estão conseguindo com êxito a busca pela hegemonia política.

Plantadores de coca e indígenas ( Evo Morales ), Militares ( Hugo Chaves ), operários ( Lula ) e mulheres ( Dilma, Michele Bachelet, Cristina Kirchner ) e o primeiro negro eleito presidente nos EUA ( Obama ), mostram que o eleitorado cansou das mesmas caras no trato político. É importante ressaltar que o termo ‘minorias’ não se retrata à alguma referência numérica e sim à representação política.

As minorias são mais atenciosas no que tange ao social, porém é visível que não se realizaram mudanças profundas nas estruturas sociais, como foram as principais bandeiras de campanha dos partidos de esquerda que conseguiram chegar ao poder. Para conseguir a hegemonia foi preciso fazer aliança com as mesmas oligarquias que comandavam a América latina, e as grandes revoluções não estão passando de uma série de pequenas melhorias que estão garantindo essas novas caras no poder, ou que eles elejam sucessores, e tudo acaba sendo um grande jogo de interesses que deixa quem realmente precisa da política ( O POVO ) a margem do sistema achando que está sendo representado por alguém.