domingo, 14 de julho de 2013

A educação de um Brasil petista: a homogeneização e a descaracterização.

Ultimamente não me atrevi a escrever, talvez por preguiça ou mesmo por falta de vergonha na cara. Estava esperando por um tema que me doesse, que me revirasse, pois bem, esse tema chegou e agora me sinto obrigado a escrever  e dar minha opinião clara e sem rodeios.
Ao ler a reportagem online de hoje do jornal folha de São Paulo minhas entranhas se reviraram. http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1138074-mec-vai-propor-a-fusao-de-disciplinas-do-ensino-medio.shtml
O governo, mais uma vez vai mexer na educação. Já não basta ter instituído o ENEM  - esta avaliação falida por natureza - como critério de entrada para as principais universidades, agora quer transplantar o modelo que o ENEM "consagrou" de conjuntos de disciplinas juntas: homogeneizadas e descaracterizadas.
Pois bem, não estou falando que nossos professores não estão preparado para tal mudança, não entrarei no mérito dessa questão, isso é óbvio. Todo mundo sabe que tem professor que não está preparado nem pra lecionar a disciplina que estudou na faculdade quanto mais fazer interdisciplinariedade....
A grande questão é: qual é o propósito desse governo em modificar o atual sistema de ensino? Me aproximo de Pascal Bernardin em o "Maquiavel pedagogo" em que vê a escola não é entendida mais como o local onde se ensina conhecimentos elementares para a vida na polis, não. Atualmente a educação é a forma pela qual se uniformiza o cidadão perfeito, apático e solidário ao governo, mesmo quando este vai de contra seus interesses.
Tanto é que essa mudança no ensino médio é só um estágio desse processo, o ensino universitário e até o ensino médio veem passando por essas transformações sem se sentir, a revolução do proletariado vai vir pela transformação cultural, e a cada dia mais a nossa condição de penador livre está sendo dinamitada por estruturas físicas de pensamento que não reconhecem a crítica, o nosso estado democrático de direito está sendo corroído por dentro de forma que não percebemos muitas transformações, e quando essas se apresentam mais visíveis é de forma tolerável e de pouquinho em pouquinho não seremos mais quem somos. 
Até quando o PT abusará de nossa paciência?

quinta-feira, 8 de março de 2012

Amigos sí, pero no mucho


"Na noite de quarta-feira, o Senado rejeitou por 36 votos a 31 a recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O ex-dirigente é técnico de máxima confiança de Dilma" ( Fonte: Reuters ). O governo brasileiro vive num estranha contradição, a oposição, sem voz nem vez, não tem força para barrar nenhum projeto do governo, mas este não tem vida fácil no congresso nacional, sua base aliada diversificada é um dos maiores empecilhos para se fazer de fato com que a presidenta reine. 
A recondução de Bernardo Figueiredo foi rejeitada no senado, numa conjuntura muito peculiar, que segundo o site de notícias Reuters o PMDB foi o principal artífice da derrota. Só sobrou a Dilma respirar fundo e lamentar. O PMDB, já é de senso comum é um partido de situação, mas a sua posição privilegiada de grande partido que garante a "governabilidade" é também um problema pois já que sua natureza é grandiosa ele é fragmentado, não é coeso, o que é uma dor de cabeça a mais para os articuladores do governo, garantir as propostas aprovadas com uma base que mais atrapalha do que ajuda. 

A base aliada reclama dizendo que não tem espaço para discutir projetos e que são acionados na hora das votações para aprovar os projetos vindos do executivo, isso não me a tradição brasileira é um executivo forte e um legislativo inoperante, salvando algumas exceções históricas que comprovam a regra geral. O baque foi sentido, esse tal de figueiredo foi apontado pela presidenta para desenvolver o projeto do trem bala  Campinas - Rio de Janeiro. A Mulher quer antecipar a reunião que tem com os líderes aliados, falando no bom matutês ela vai "acochar o nó" em cima da base para que projetos similares e outros talvez de importância maior não sejam vetados por falta de comunicação, eu pergunto,meu caro leitor amigo quantos cargos a mais a Dilma terá que dar para poder não ter contestação nenhuma, nem da oposição nem da base e poder Reinar absoluta nas terras devolutas do Congresso Nacional.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Queria ir embora pro passado

Olá amigos, tenho teimado em escrever algo para o blog ( que por sinal está de cara nova e agradeço a Wayne Rodrigues pela ajuda ) por esses dias, minha ideia principal era de escrever algo sobre o passado, mas minha cabeça vai de contra a minha vontade, principalmente quando me deparei com um lindo poema  de Jessier Quirino, ao lê-lo senti uma saudade ufanista de tempos que a minha idade não permitiu que eu alcançasse...
Vou-me embora pro passado

Jessier Quirino

"No rastro da Bandeira de Manuel"


Vou-me embora pro passado
Lá sou amigo do rei
Lá tem coisas "daqui, ó!"
Roy Rogers, Buc Jones
Rock Lane, Dóris Day
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Porque lá, é outro astral
Lá tem carros Vemaguet
Jeep Willes, Maverick
Tem Gordine, tem Buick
Tem Candango e tem Rural.

Lá dançarei Twist
Hully-Gully, Iê-iê-iê
Lá é uma brasa mora!
Só você vendo pra crê
Assistirei Rim Tim Tim
Ou mesmo Jinne é um Gênio
Vestirei calças de Nycron
Faroeste ou Durabem
Tecidos sanforizados
Tergal, Percal e Banlon
Verei lances de anágua
Combinação, califon
Escutarei Al Di Lá
Dominiqui Niqui Niqui
Me fartarei de Grapette
Na farra dos piqueniques
Vou-me embora pro passado.

No passado tem Jerônimo
Aquele Herói do Sertão
Tem Coronel Ludugero
Com Otrope em discussão
Tem passeio de Lambreta
De Vespa, de Berlineta
Marinete e Lotação.

Quando toca Pata Pata
Cantam a versão musical
"Tá Com a Pulga na Cueca"
E dançam a música sapeca
Ô Papa Hum Mau Mau
Tem a turma prafrentex
Cantando Banho de Lua
Tem bundeira e piniqueira
Dando sopa pela rua
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Que o passado é bom demais!
Lá tem meninas "quebrando"
Ao cruzar com um rapaz
Elas cheiram a Pó de Arroz
Da Cachemere Bouquet
Coty ou Royal Briar
Colocam Rouge e Laquê
English Lavanda Atkinsons
Ou Helena Rubinstein
Saem de saia plissada
Ou de vestido Tubinho
Com jeitinho encabulado
Flertando bem de fininho.

E lá no cinema Rex
Se vê broto a namorar
De mão dada com o guri
Com vestido de organdi
Com gola de tafetá.

Os homens lá do passado
Só andam tudo tinindo
De linho Diagonal
Camisas Lunfor, a tal
Sapato Clark de cromo
Ou Passo-Doble esportivo
Ou Fox do bico fino
De camisas Volta ao Mundo
Caneta Shafers no bolso
Ou Parker 51
Só cheirando a Áqua Velva
A sabonete Gessy
Ou Lifebouy, Eucalol
E junto com o espelhinho
Pente Pantera ou Flamengo
E uma trunfinha no quengo
Cintilante como o sol.

Vou-me embora pro passado
Lá tem tudo que há de bom!
Os mais velhos inda usam
Sapatos branco e marrom
E chapéu de aba larga
Ramenzone ou Cury Luxo
Ouvindo Besame Mucho
Solfejando a meio tom.

No passado é outra história!
Outra civilização...
Tem Alvarenga e Ranchinho
Tem Jararaca e Ratinho
Aprontando a gozação
Tem assustado à Vermuth
Ao som de Valdir Calmon
Tem Long-Play da Mocambo
Mas Rosenblit é o bom
Tem Albertinho Limonta
Tem também Mamãe Dolores
Marcelino Pão e Vinho
Tem Bat Masterson, tem Lesse
Túnel do Tempo, tem Zorro
Não se vê tantos horrores.

Lá no passado tem corso
Lança perfume Rodouro
Geladeira Kelvinator
Tem rádio com olho mágico
ABC a voz de ouro
Se ouve Carlos Galhardo
Em Audições Musicais
Piano ao cair da tarde
Cancioneiro de Sucesso
Tem também Repórter Esso
Com notícias atuais.

Tem petisqueiro e bufê
Junto à mesa de jantar
Tem bisqüit e bibelô
Tem louça de toda cor
Bule de ágata, alguidar
Se brinca de cabra cega
De drama, de garrafão
Camoniboi, balinheira
De rolimã na ladeira
De rasteira e de pinhão.

Lá, também tem radiola
De madeira e baquelita
Lá se faz caligrafia
Pra modelar a escrita
Se estuda a tabuada
De Teobaldo Miranda
Ou na Cartilha do Povo
Lendo Vovô Viu o Ovo
E a palmatória é quem manda.

Tem na revista O Cruzeiro
A beleza feminina
Tem misse botando banca
Com seu maiô de elanca
O famoso Catalina
Tem cigarros Yolanda
Continental e Astória
Tem o Conga Sete Vidas
Tem brilhantina Glostora
Escovas Tek, Frisante
Relógio Eterna Matic
Com 24 rubis
Pontual a toda hora.

Se ouve página sonora
Na voz de Ângela Maria
"— Será que sou feia?
— Não é não senhor!
— Então eu sou linda?
— Você é um amor!..."

Quando não querem a paquera
Mulheres falam: "Passando,
Que é pra não enganchar!"
"Achou ruim dê um jeitim!"
"Pise na flor e amasse!"
E AI e POFE! e quizila
Mas o homem não cochila
Passa o pano com o olhar
Se ela toma Postafen
Que é pra bunda aumentar
Ele empina o polegar
Faz sinal de "tudo X"
E sai dizendo "Ô Maré!
Todo boy, mancando o pé
Insistindo em conquistar.

No passado tem remédio
Pra quando se precisar
Lá tem Doutor de família
Que tem prazer de curar
Lá tem Água Rubinat
Mel Poejo e Asmapan
Bromil e Capivarol
Arnica, Phimatosan
Regulador Xavier
Tem Saúde da Mulher
Tem Aguardente Alemã
Tem também Capiloton
Pentid e Terebentina
Xarope de Limão Brabo
Pílulas de Vida do Dr. Ross
Tem também aqui pra nós
Uma tal Robusterina
A saúde feminina.

Vou-me embora pro passado
Pra não viver sufocado
Pra não morrer poluído
Pra não morar enjaulado
Lá não se vê violência
Nem droga nem tanto mau
Não se vê tanto barulho
Nem asfalto nem entulho
No passado é outro astral
Se eu tiver qualquer saudade
Escreverei pro presente
E quando eu estiver cansado
Da jornada, do batente
Terei uma cama Patente
Daquelas do selo azul
Num quarto calmo e seguro
Onde ali descansarei
Lá sou amigo do rei
Lá, tem muito mais futuro
Vou-me embora pro passado
http://www.youtube.com/watch?v=lIEpth3vE0g&feature=related

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

As moedas obsidionais holandesas


Numa das aulas da cadeira de história moderna I, o professor Biu Vicente nos alertou para algo simples que por várias vezes passa-se por despercebido pelas pessoas no dia-a-dia, segundo ele o ser humano precisa saciar três necessidades básicas: o que comer, o que vestir, onde morar. É só a partir superação dessas dificuldades que o ser humano pode se ater a outras subsequentes.
            A WIC (traduzindo: Companhia das Índias Ocidentais) se lançou numa empreitada totalmente arriscada, financeiramente falando, ao desembarcar em terras brasileiras para dominar a capitania mais rica da colônia portuguesa nas Américas, sendo os primeiros anos de dominação flamenga em Pernambuco, um período de extrema dificuldade para os próprios holandeses, que muitas vezes não e atreviam a adentrar nas matas em busca de frutas com medo da resistência que utilizava de técnicas de guerrilha para eliminar o inimigo[1]
            Esse período de dificuldades foi sucedido por uma relativa estabilidade opulenta mitificada na figura de Nassau. Após o retorno de Nassau à Holanda a administração local bastante endividada – justamente para manter as tais três necessidades básicas do exército que veio para assegurar a invasão, sem o que comer, sem o que vestir, e sem onde morar o exército não teria força efetiva para continuar a luta contra a resistência –.
            Na tentativa desesperada de manter a lealdade das tropas e saldar várias dívidas a administração local assumiu uma política monetária ofensiva e desesperada[2]. No dia 18/08/1645 foi autorizada uma cunhagem de moedas de ouro quadradas de 3,6 e 12 florins ou ducados[3], o ouro deveria ser ou proveniente da Guiné ou e qualquer outra fonte.
            A primeira cunhagem não oi suficiente para sanar as contas, então no ano seguinte, 1646, houve uma nova emissão, e fica evidenciado no relatório (generale missive) de 23/08/1646, a retirada em caixa do ouro proveniente da guiné vindo pelo navio Edracht, nesse ano a cunhagem de moedas girou em torno de 119.569.18 florins.
            Já em 1647 não existe uma certeza histórica se houve ou não a cunhagem de moedas de cerco, há uma possibilidade de existir uma cunhagem nesse ano se remetendo ao ano anterior, as moedas de 47 teriam então sido datadas com o número de 46, para evitar maiores problemas com a WIC.         
III florins emissão de 1645
VI florins emissão de 1645
XII florins emissão de 1645

[1] Mello, José Antônio Gonçalves de; Tempos dos flamengos. Ed. Massangana, 1987
[2] Moedas obsidionais,de cerco, de emergência são moedas cunhadas em períodos de guerra revolução, cerco, escassez,calamidade pública, etc. Madeira, Benedito Camargo; A moeda através dos tempos. Edição independente, 1993 
[3] Salazar, Guilherme de Alencastro; As oficinas monetárias e as primeiras casas da moeda no Brasil. Ed. Universitária UFPE. Recife, 1991  

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vamos brincar de Cambindas!


“Ribeirão, meu Ribeirão teus lindos canaviais nos trouxeram de bem longe e não voltamos jamais...”. Em 2011 uma peculiar festa da cidade de Ribeirão (Mata Sul de Pernambuco) completa cem anos, a tradição das cambindas é mais antiga que a própria cidade e era festejada quando esta ainda era distrito da cidade vizinha de Gameleira.
            A brincadeira das Tradicionais cambindas de Ribeirão é mais uma das mais variadas festas iniciadas na república que relembram os tempos da monarquia, com a presença de um rei e uma rainha, e da escravidão com os participantes se pintando de negros e revivendo através da dança e das letras da música, essa raiz africana pertencente a nós brasileiros.


            A brincadeira se fez e se perpetuou por um bom tempo como brincadeira de homens, a partir da liberação feminina e a quebra de antigos preconceitos as mulheres passam a participar da brincadeira e tomam voz e vez, levando a tradição à diante.
            A cidade se orgulha por essa tradição e espera que esta, não se perca e que se possa muitas vezes se cantar: “Todo mundo já dizia que as cambindas não saia.....”  

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A ditadura do mal gosto

Poucos momentos da história a humanidade ocidental foi tão entregue ao mau gosto e a burrice generalizada, a alienação e o impedimento da verdadeira liberdade de expressão, é sim a liberdade de expressão existe só na constituição, na prática é impraticável, a máquina obscura instituiu nos corações e mentes da população um próprio aparelho de censura, a ditadura militar criou e extinguiu o AI 5, mas a verdade é que os brasileiros censuram cada vez mais obras libertárias e se vendem aos best-sellers norte-americanos, pré-produzidos, sem falar nessa generalização de padrões de gosto que excluem cada vez mais do cenário a autenticidade de obras e obriguem os autores a (re) significarem seus estilos colocando-os numa “vibe” mais “moderna”.

Principalmente no Brasil a ditadura do mau gosto anda de mãos dadas ao período de redemocratização pós golpe militar, a conjuntura externa com a máquina de produção americana querendo vender nos países emergentes, e nós aqui querendo parecer mais um pouquinho com o Tio Sam foi juntar o útil ao agradável, a sociedade brasileira precisa de uma identidade nacional forte, que não se limite à carnaval, samba, futebol e bundas, trabalhar para a construção de uma identidade nacional séria à nível de país respeitável, e não como um qualquer ponto de turismo sexual nos trópicos, é de responsabilidade de nós historiadores e também da opinião pública, caminhando juntos historiadores e opinião pública traremos para o mundo as várias identidades regionais riquíssimas que faz do Brasil um caldeirão cultural efervescente e independente.



Precisamos ser independentes.....

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Religiões Afro: Cultura e identidade

Não faz nem um mês que eu fui convidado para participar de uma reunião de candomblecistas num terreiro chamado palácio de Oxum, fui despido de preconceitos, afinal para um quase ateu, estudante de história, assistir a uma reunião como essa é um desafio a mais, é conhecer novos horizontes, deparar que existem culturas a parte dessa vida semi-européia que tentamos viver, imitamos a Europa e não vemos as riquezas existentes em outras denominações, tanto culturais, como religiosas.

Os sons dos Ogans, a fumaça produzida pelos cigarros e charutos, além das roupas e das cantorias, recriaram na minha mente retrospectivas do passado em que o Brasil era rural e o candomblé se encorpava com o sincretismo com os credos religiosos católicos, o processo de urbanização, principalmente a partir da década 50 na zona da mata pernambucana, levou os adeptos dessas religiões afro-descendentes para a cidade e seu culto conseguisse mais adeptos, além daqueles antigos trabalhadores rurais.

Um fato peculiar dessas “realidades culturais paralelas”, que convivem com a oficialidade é que elas (re) significam as tradições “alheias” para o seu contexto isso é a parte que mais me intriga, particularmente nas religiões afro, como nasce essa ideia de intercâmbio cultural, afinal, como nascem as religiões? Grandes mistérios.

Outro fator que eu não poderia deixar de elencar era o sentimento de pertencimento à comunidade, a uma luta contra os preconceitos, que ainda persistem em existir (é parte da alma humana, infelizmente) e a luta para não deixar as festas e as tradições desaparecerem, mesmo lutando, contra as leis ( é proibido som alto a partir das 10h, e isso gera muito problemas já que muitas festas começam a partir das 10h ), e contra toda a sorte de infortúnios que essas pessoas sofrem por assumir suas crenças.