quinta-feira, 18 de agosto de 2011

As moedas obsidionais holandesas


Numa das aulas da cadeira de história moderna I, o professor Biu Vicente nos alertou para algo simples que por várias vezes passa-se por despercebido pelas pessoas no dia-a-dia, segundo ele o ser humano precisa saciar três necessidades básicas: o que comer, o que vestir, onde morar. É só a partir superação dessas dificuldades que o ser humano pode se ater a outras subsequentes.
            A WIC (traduzindo: Companhia das Índias Ocidentais) se lançou numa empreitada totalmente arriscada, financeiramente falando, ao desembarcar em terras brasileiras para dominar a capitania mais rica da colônia portuguesa nas Américas, sendo os primeiros anos de dominação flamenga em Pernambuco, um período de extrema dificuldade para os próprios holandeses, que muitas vezes não e atreviam a adentrar nas matas em busca de frutas com medo da resistência que utilizava de técnicas de guerrilha para eliminar o inimigo[1]
            Esse período de dificuldades foi sucedido por uma relativa estabilidade opulenta mitificada na figura de Nassau. Após o retorno de Nassau à Holanda a administração local bastante endividada – justamente para manter as tais três necessidades básicas do exército que veio para assegurar a invasão, sem o que comer, sem o que vestir, e sem onde morar o exército não teria força efetiva para continuar a luta contra a resistência –.
            Na tentativa desesperada de manter a lealdade das tropas e saldar várias dívidas a administração local assumiu uma política monetária ofensiva e desesperada[2]. No dia 18/08/1645 foi autorizada uma cunhagem de moedas de ouro quadradas de 3,6 e 12 florins ou ducados[3], o ouro deveria ser ou proveniente da Guiné ou e qualquer outra fonte.
            A primeira cunhagem não oi suficiente para sanar as contas, então no ano seguinte, 1646, houve uma nova emissão, e fica evidenciado no relatório (generale missive) de 23/08/1646, a retirada em caixa do ouro proveniente da guiné vindo pelo navio Edracht, nesse ano a cunhagem de moedas girou em torno de 119.569.18 florins.
            Já em 1647 não existe uma certeza histórica se houve ou não a cunhagem de moedas de cerco, há uma possibilidade de existir uma cunhagem nesse ano se remetendo ao ano anterior, as moedas de 47 teriam então sido datadas com o número de 46, para evitar maiores problemas com a WIC.         
III florins emissão de 1645
VI florins emissão de 1645
XII florins emissão de 1645

[1] Mello, José Antônio Gonçalves de; Tempos dos flamengos. Ed. Massangana, 1987
[2] Moedas obsidionais,de cerco, de emergência são moedas cunhadas em períodos de guerra revolução, cerco, escassez,calamidade pública, etc. Madeira, Benedito Camargo; A moeda através dos tempos. Edição independente, 1993 
[3] Salazar, Guilherme de Alencastro; As oficinas monetárias e as primeiras casas da moeda no Brasil. Ed. Universitária UFPE. Recife, 1991  

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vamos brincar de Cambindas!


“Ribeirão, meu Ribeirão teus lindos canaviais nos trouxeram de bem longe e não voltamos jamais...”. Em 2011 uma peculiar festa da cidade de Ribeirão (Mata Sul de Pernambuco) completa cem anos, a tradição das cambindas é mais antiga que a própria cidade e era festejada quando esta ainda era distrito da cidade vizinha de Gameleira.
            A brincadeira das Tradicionais cambindas de Ribeirão é mais uma das mais variadas festas iniciadas na república que relembram os tempos da monarquia, com a presença de um rei e uma rainha, e da escravidão com os participantes se pintando de negros e revivendo através da dança e das letras da música, essa raiz africana pertencente a nós brasileiros.


            A brincadeira se fez e se perpetuou por um bom tempo como brincadeira de homens, a partir da liberação feminina e a quebra de antigos preconceitos as mulheres passam a participar da brincadeira e tomam voz e vez, levando a tradição à diante.
            A cidade se orgulha por essa tradição e espera que esta, não se perca e que se possa muitas vezes se cantar: “Todo mundo já dizia que as cambindas não saia.....”  

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A ditadura do mal gosto

Poucos momentos da história a humanidade ocidental foi tão entregue ao mau gosto e a burrice generalizada, a alienação e o impedimento da verdadeira liberdade de expressão, é sim a liberdade de expressão existe só na constituição, na prática é impraticável, a máquina obscura instituiu nos corações e mentes da população um próprio aparelho de censura, a ditadura militar criou e extinguiu o AI 5, mas a verdade é que os brasileiros censuram cada vez mais obras libertárias e se vendem aos best-sellers norte-americanos, pré-produzidos, sem falar nessa generalização de padrões de gosto que excluem cada vez mais do cenário a autenticidade de obras e obriguem os autores a (re) significarem seus estilos colocando-os numa “vibe” mais “moderna”.

Principalmente no Brasil a ditadura do mau gosto anda de mãos dadas ao período de redemocratização pós golpe militar, a conjuntura externa com a máquina de produção americana querendo vender nos países emergentes, e nós aqui querendo parecer mais um pouquinho com o Tio Sam foi juntar o útil ao agradável, a sociedade brasileira precisa de uma identidade nacional forte, que não se limite à carnaval, samba, futebol e bundas, trabalhar para a construção de uma identidade nacional séria à nível de país respeitável, e não como um qualquer ponto de turismo sexual nos trópicos, é de responsabilidade de nós historiadores e também da opinião pública, caminhando juntos historiadores e opinião pública traremos para o mundo as várias identidades regionais riquíssimas que faz do Brasil um caldeirão cultural efervescente e independente.



Precisamos ser independentes.....