Numa das aulas da cadeira de história moderna I, o professor Biu Vicente nos alertou para algo simples que por várias vezes passa-se por despercebido pelas pessoas no dia-a-dia, segundo ele o ser humano precisa saciar três necessidades básicas: o que comer, o que vestir, onde morar. É só a partir superação dessas dificuldades que o ser humano pode se ater a outras subsequentes.
A WIC (traduzindo: Companhia das Índias Ocidentais) se lançou numa empreitada totalmente arriscada, financeiramente falando, ao desembarcar em terras brasileiras para dominar a capitania mais rica da colônia portuguesa nas Américas, sendo os primeiros anos de dominação flamenga em Pernambuco, um período de extrema dificuldade para os próprios holandeses, que muitas vezes não e atreviam a adentrar nas matas em busca de frutas com medo da resistência que utilizava de técnicas de guerrilha para eliminar o inimigo[1].
Esse período de dificuldades foi sucedido por uma relativa estabilidade opulenta mitificada na figura de Nassau. Após o retorno de Nassau à Holanda a administração local bastante endividada – justamente para manter as tais três necessidades básicas do exército que veio para assegurar a invasão, sem o que comer, sem o que vestir, e sem onde morar o exército não teria força efetiva para continuar a luta contra a resistência –.
Na tentativa desesperada de manter a lealdade das tropas e saldar várias dívidas a administração local assumiu uma política monetária ofensiva e desesperada[2]. No dia 18/08/1645 foi autorizada uma cunhagem de moedas de ouro quadradas de 3,6 e 12 florins ou ducados[3], o ouro deveria ser ou proveniente da Guiné ou e qualquer outra fonte.
A primeira cunhagem não oi suficiente para sanar as contas, então no ano seguinte, 1646, houve uma nova emissão, e fica evidenciado no relatório (generale missive) de 23/08/1646, a retirada em caixa do ouro proveniente da guiné vindo pelo navio Edracht, nesse ano a cunhagem de moedas girou em torno de 119.569.18 florins.
Já em 1647 não existe uma certeza histórica se houve ou não a cunhagem de moedas de cerco, há uma possibilidade de existir uma cunhagem nesse ano se remetendo ao ano anterior, as moedas de 47 teriam então sido datadas com o número de 46, para evitar maiores problemas com a WIC.
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III florins emissão de 1645 |
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VI florins emissão de 1645 |
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XII florins emissão de 1645 |
[1] Mello, José Antônio Gonçalves de; Tempos dos flamengos. Ed. Massangana, 1987
[2] Moedas obsidionais,de cerco, de emergência são moedas cunhadas em períodos de guerra revolução, cerco, escassez,calamidade pública, etc. Madeira, Benedito Camargo; A moeda através dos tempos. Edição independente, 1993
[3] Salazar, Guilherme de Alencastro; As oficinas monetárias e as primeiras casas da moeda no Brasil. Ed. Universitária UFPE. Recife, 1991